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Quase um terço dos cariocas vive em favelas, aponta IBGE

Quase um terço dos cariocas vive em favelas, aponta IBGE Quase um terço da população do Rio vive em favelas. Isso corresponde a aproximadamente 2 milhões ...

Quase um terço dos cariocas vive em favelas, aponta IBGE
Quase um terço dos cariocas vive em favelas, aponta IBGE (Foto: Reprodução)

Quase um terço dos cariocas vive em favelas, aponta IBGE Quase um terço da população do Rio vive em favelas. Isso corresponde a aproximadamente 2 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados, divulgados nesta sexta-feira (5), confirmam a falta de infraestrutura em dois dos territórios mais conhecidos da cidade: a Rocinha, a maior favela do Brasil, e o Morro da Providência, no Centro da cidade. Na Rocinha, apenas 3,2% das vias permitem circulação de carros ou vans, e menos de 20% dos moradores vivem em trechos com calçadas. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça O Censo 2022 mostra que 81,9% das vias da Rocinha só permitem circulação por moto, bicicleta ou pedestres, o que torna a locomoção diária um desafio — especialmente para quem tem mobilidade reduzida. Endereços com calçadas: Rocinha: 12,1% Endereços com iluminação pública: Rocinha: 54,3% A comunidade também apresenta baixos índices de infraestrutura urbana: O morador Ruan Julliete relata que a rotina é marcada por trajetos longos, ladeiras íngremes e escadas que dificultam até tarefas simples. Muitos serviços — como o abastecimento de água — são mantidos pelos próprios moradores, já que equipes demoram a chegar aos becos mais altos. Edvado Braga, porteiro e morador, diz que quando um cano estoura, o reparo depende deles. “Quando tem cano quebrado, somos nós que consertamos. Até chegar alguém aqui, já foi embora muita água”, relatou. O crescimento desordenado também obrigou os moradores a criarem caminhos próprios ao longo dos anos. Escadas, passagens e pequenos acessos foram construídos coletivamente pelos vizinhos para facilitar a circulação entre vielas de barro e morros íngremes. A Favela da Rocinha Rogério Santana / Governo do Estado do Rio de Janeiro Morro da Providência No Morro da Providência, o teleférico virou símbolo de mobilidade, facilitando a vida de quem vive no alto. Para o arquiteto e urbanista Fernando Pereira, políticas assim precisam ser permanentes. “É fundamental ter profissionais qualificados acompanhando os moradores. Projetos dentro da favela precisam ter continuidade, não só durar 4 anos”, afirmou. Embora haja um teleférico no alto do morro, a falta de vias acessíveis nas áreas mais baixas faz com que, em situações de emergência, os moradores improvisem até macas para transportar vizinhos que precisem de atendimento — já que ambulâncias não conseguem acessar algumas partes da comunidade. De acordo com especialistas do IPPUR/UFRJ, essa solução, criada pela própria população, mostra a urgência de políticas públicas: “A favela encontra soluções a partir da sua precariedade. Mas isso precisa ser ouvido, amadurecido e qualificado", diz Alan Brum, especialista em planejamento urbano. Falta de acessibilidade As barreiras para quem tem mobilidade reduzida são ainda maiores. Flávio Ribeiro, mestre de capoeira e morador, explica: “O morador que mora lá em cima da escadaria, que é cadeirante, sofre muito. Se ele precisa ir ao médico duas vezes na semana, depende da ajuda de outras pessoas para descer e subir”, contou. Especialistas reforçam a importância de mapear moradores com deficiência e criar rotas acessíveis dentro das favelas, mesmo reconhecendo que a abertura de vias não será suficiente para atender toda a população. Os dados reforçam a necessidade urgente de políticas públicas contínuas, com participação direta das comunidades, para garantir acesso ao básico — mobilidade, segurança, urbanização e dignidade. Para o arquiteto Fernando Pereira, pensar as favelas como parte integral da cidade é essencial. “O Rio tem cerca de 1.700 favelas. O Rio é uma grande favela com alguns pontos urbanizados. Por que não pensar nesses territórios como bairros?”, questiona. Escadaria do Morro da Providência Reprodução/TV Globo